Maurício Ferreira – óleo sobre placa de Eucatex – 30 x 40 cm.
Embora as primeiras pinturas de natureza-morta que se tem registro tenham sido feitas pelos egípcios, por volta do século XV a.C., para decorar, como forma de oferenda, cemitérios e tumbas que acompanhavam os mortos na passagem para o além-vida, o gênero ganhou reconhecimento formal no século XVI com o objetivo de representar objetos inanimados como flores, frutas, jarros de metal, taças de cristal, vidros, porcelanas, instrumentos musicais e livros, entre outros objetos. Não tinha uma função apenas figurativa, mas costumava representar o poder, pois, pelos objetos, era possível saber as posses de quem encomendava o trabalho. Havia ainda o aspecto simbólico, pois muito do que era pintado estava relacionado com diversas facetas da vida, desde o amor até a morte. Além disso, como ocorre neste caso, pintar naturezas-mortas é um excelente exercício para desenvolver a percepção da luz, assim como a composição e o uso de linha e das cores e das suas tonalidades, recursos que permitem captar texturas do material observado ou pintado de memória. Embora menos valorizado que outros gêneros, como o histórico, o retrato e a paisagem, a natureza-morta conquistou o seu espaço e, nesta obra especificamente, apresenta o domínio dos mencionados recursos técnicos, com figuras geometrizadas que remetem aos sólidos platônicos, temática que o artista, se já não o fez, poderia explorar como tema, pelos aspectos conotativos, e pelo fazer plástico, como aprimoramento permanente.